domingo, 17 de abril de 2011

TREKKING PARA A LAGUNA AZUL (16 kms ida e volta, desnível de 850 ms)


Nossa opção é sempre pelo trekking e fizemos alguns, mas um deles foi especialmente marcante: Laguna Azul.

A trilha já começa atrás da hosteria e vai entrando pelo vale do rio Alfredo, o mesmo que abastece de energia a estância, através de uma pequena hidrelétrica.
A subida em principio é suave, pela lateral do cerro Huemul e ladeando o rio.
Aos 40 min. de caminhada já se tem uma vista panorâmica da região e dá para avistar toda a imponência do Fitz Roy na outra margem do lago Viedma.
A trilha continua cada vez mais dentro do vale que vai ficando cada vez mais estreito e rodeado por picos que alcançam 2.700 mts de altitude. Já dá para avistar o glaciar da Laguna Azul no fundo do vale.
A impressão é de se estar caminhando num imenso jardim, devido a profusão de flores do campo, bosques de llengas e nires e com direito a guanacos pastando calmamente. Mais uma hora  de caminhada ,chegamos ao fim do vale e, de repente , uma cachoeira de 300 mts de altura aparece na nossa frente.
Mais uns 50 min. de subida bem íngreme e já estávamos na mesma altura do glaciar que repousa nas impressionantes montanhas negras que margeiam a lagoa. Mais uns 10 min. atravessando um pequeno bosque e surge  a lagoa azul turquesa brilhante, contrastando com o branco do glaciar que desce do alto das montanhas negras até encostar na agua azul.
É uma visão de tirar o fôlego. Nos causou uma certa euforia infantil e uma felicidade imensa por ter a sorte de poder usufruir de tanta beleza!
Ficamos ali um bom tempo. Era um silêncio cheio de energia, quebrado apenas pelo barulho forte das avalanches. Andamos um pouco às margens da lagoa apreciando todos os ângulos, usufruindo do privilégio de estar nesse lugar, perfeita tradução da palavra isolamento. Mas um vento forte e gélido entrou batendo forte de repente, como é usual na Patagônia, e mesmo tentando nos proteger , ficou difícil permanecer no lugar quando uma densa neblina desceu sobre nós e a temperatura baixou muito.
Notando meu desconforto e certa irritação que me causou essa mudança abrupta de clima e principalmente o vento que me tirava o equilíbrio, nosso guia me disse “melhor se harmonizar com ele (o vento), pois aqui a natureza mostra a sua soberania, seu poder e nos ajuda a tomar consciência da nossa pequenez.”
É por isso que a experiência da natureza, em sua imensidade, pode ser uma experiência transformadora .
Ao pegar o caminho de volta, viemos conversando com o nosso jovem guia sobre isso. Ele é um pensador, que lê muita filosofia e  pratica seus conceitos ali mesmo no meio daquela paisagem de uma beleza arrebatadora, mas que mostra sua superioridade a todo instante.
Fiz o caminho de volta com o vento batendo forte e chuva gelada, mas mesmo nessas condições, o sentimento era de integração total com a natureza, de pertencimento ao universal e uma tranquilidade interna.
Chegamos felizes e gelados na pousada e fomos recebidos com lareira acesa e um chá quente e depois um bom vinho com um jantar de primeiríssima e com aquele visual inesquecível.
Recomendo a todos se dar uma oportunidade de viver algo assim ! O contato com a natureza dessa maneira é como uma experiência espiritual. Desperta reverência e respeito. Ela te mostra sua pequenez diante do poder dela  e, nas palavras de um filósofo, tomar consciência de sua pequenez já é sair dela.

                                                       


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